domingo, 19 de novembro de 2017

NAUFRÁGIO - REGRESSÃO TERAPÊUTICA


Vejo uma luz forte, muito forte, estou olhando de longe, de dentro de uma embarcação. Está tudo nublado na imensidão do oceano. Vejo tudo embaçado e lá longe uma claridade forte. Foi um naufrágio, ainda tem luzes acessas no imenso navio, estou num bote salva-vidas. Está frio, estou chorando, sentado olhando aquela luz. Pessoas em volta gritando, corpos na água, vivos e mortos, dezenas de pessoas, madeiras, pedaços de objetos, roupas, malas, vozes de desespero, sensação de tristeza, um vazio muito grande, desconsolo. Eu continuo sentado no bote, olhando pro nada. Na minha mente lembranças do último baile, sorrisos, uma linda mulher sorrindo pra mim, nós dois rodopiando e sorrindo, felizes neste baile a bordo do navio... como eu a amava!
Mas agora estou em estado de choque, falam comigo e eu não respondo, só fico parado olhando o nada. As cenas dos últimos anos em família passam pela minha mente em flashes rápidos e contínuos.
Um navio de resgate se aproxima muitas horas depois. Estou no convés do navio-resgate, não tenho expressão de sentimento, estou catatônico, nada mais faz sentido. As pessoas dentro do navio-resgate falam, se alimentam, caminham, mas eu fico lá sentado olhando pro nada, um cobertor jogado nas costas, pensamentos confusos, nebulosos tal qual o céu daquele oceano.  Aportamos, alguém me abraça mas eu não reajo.
Me mantenho sentado na poltrona em uma casa simples, e não saio desse estado de choque. Não choro, não falo, não sorrio, tudo está mecânico, meu corpo paralisado.
Um dia resolvi sair de casa, fui para as montanhas, vejo o abismo, o sol e fico parado. Não tenho expressão, meus músculos faciais não se movem, não tenho fome, não sinto frio, meu corpo ficou completamente anestesiado, catatônico. 
Ali nas montanhas me mantenho em contemplação passiva, na minha mente a última cena de alegria é a do baile no navio, eu dançando com ela nessa festa. Isso se repete infinitas vezes. Faço uma fogueira e durmo a céu aberto, algumas noites durmo numa cabana. Mas estou definhando, tenho menos de 40 anos e estou definhando, ficando cada dia mais fraco. As vezes me pego chorando e pedindo pra morrer. Viver pra que? Não faz sentido viver!
Meu corpo está muito fraco, a mente mais fraca ainda. Começo a ver imagens desfocadas, uma espécie de convulsão com choques na cabeça. Confuso, tonto. Peço pra morrer, eu não quero viver, mas o corpo está ali. Passo por várias convulsões, o corpo se ressente da falta de alimento. Ninguém vai lá, com o tempo meu corpo ficou deformado, encolhido como de um bebê e a mente ficou flutuando entre coisas do passado e alucinações por muito tempo.
Um dia encontraram meu corpo, me levaram para igreja da matriz, assisti tudo de lá das montanhas onde meu espírito se manteve sentado. Mesmo depois de desencarnado continuo nas montanhas, passivamente em contemplação. De vez em quando aparece uma luz forte mas eu continuo sentado, parado. Sinto que alguém vai ao cemitério visitar meu corpo. Chora pedindo para eu voltar, mas eu não tenho forças pra voltar, estou bem aqui. De vez em quando eu penso em Deus, mas não tenho vontade de conversar com Ele. Alguém põe a mão na minha cabeça, e uma luz forte envolve minha cabeça, meu pescoço e meus ombros. As lembranças da última vida vão voltando aos poucos. A luz vai aumentando conforme eu vou me lembrando dessa menina, eu vou vendo essa criança crescer, ela é muito alegre, me chama de papai e ela está lá no meu túmulo conversando comigo. 
Tem alguma força querendo me levar dali e eu vou dessa vez. Estou cabisbaixo, muito enfraquecido, caminhando amparado, me levaram.

No plano astral tem sempre alguém do meu lado, vejo outras pessoas ao redor de um lago muito florido, é como se fosse uma estância, tem uma pessoa do meu lado, uma jovem. Essa mocinha fala sem parar, conta histórias, sorri e canta. Ela foi designada para tomar conta de mim, fala muito mas eu não respondo nada.
Eu sinto que está tudo bem agora, entendi o que aconteceu: o amor da minha filha me ajudou a ser resgatado, mas ainda não tenho forças para reagir.

Um tanto melhor, fui encaminhado para uma biblioteca e começo a ler muitos livros, todos os tipos de literatura. Já consigo me alimentar, leio compulsivamente, gosto de livros técnicos. Aqui tem livros muito interessantes! Esse com símbolos, mantras e yantras que se movimentam é fantástico! Além da água fluidificada, também recebo outros tipos de alimentos líquidos com cor, calor e sabor.

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